O pioneiro Kubitschek transformou sonhos em raízes.
"A vida não é medida pelos anos que vivemos, mas pela diferença que fazemos na vida dos outros." — Nelson Mandela
Em 1981, quando os ventos da coragem sopravam mais forte que o medo do desconhecido, um homem chegou a Castanheira trazendo consigo não apenas uma família, mas um propósito. Jucelino Westphal, o Kubitschek, filho de Linhares, no Espírito Santo, onde nasceu em 29 de dezembro de 1955, desembarcou em uma terra ainda em gestação, onde o silêncio da mata se misturava ao ruído da esperança. Naquela época, Castanheira era pouco mais que um projeto traçado em mapas do governo militar, um desafio lançado aos fortes que ousassem desbravar a Amazônia mato-grossense.
E ele foi um desses fortes.
Com mãos calejadas e coração intrépido, Kubitschek começou sua jornada em uma pequena chácara de 4 hectares, perto do Laticínio Princesa Alessandra. Era pouco, mas era o suficiente para semear o futuro. Ao lado da esposa, Jandira Maria, e dos filhos Aley, Alessandra e Ana Paula, ele transformou cada palmo de terra em testemunho de trabalho e perseverança. "Nada vem fácil, mas tudo vale a pena quando se luta por um legado", diria quem, como ele, acreditou no suor como moeda de progresso.
De chácara em chácara, de sítio em sítio, a família Westphal escreveu sua história com a tinta da resistência. O Sítio Folha de Ouro, próximo ao Rio Sete, e depois a Fazenda Solteirona, em 2000, foram marcos de uma trajetória que não se contentou com o pouco. Kubitschek não apenas adquiriu terras — ele as fez florescer. Com o filho Aley ao lado, abriu pastos, plantou vida e consolidou um empreendimento rural que hoje é orgulho para Castanheira, contribuindo para a economia local e provando que, com determinação, até o solo mais rude pode frutificar.
"O verdadeiro pioneiro não é aquele que chega primeiro, mas aquele que permanece, que constrói e que inspira." Kubitschek não fugiu das tempestades. Enfrentou as intempéries do clima, as incertezas dos primeiros anos e as dores do desbravamento. Mas sua maior vitória não está nos hectares conquistados, e sim na família que formou, nos valores que plantou e no exemplo que deixou: o de que honra não se herda, se conquista.
Em 22 de dezembro de 2019, partiu fisicamente, mas seu nome agora ecoa no barro da Linha Kubitschek, um caminho que não apenas leva a uma zona rural, mas que conduz à memória de um homem que acreditou em Castanheira quando muitos ainda duvidavam.
Que essa estrada seja mais que uma homenagem. Que seja um lembrete de que, enquanto houver quem trabalhe com amor e integridade, o chão de ontem sempre será a semente do amanhã.
"Alguns homens veem as coisas como são e perguntam: ‘Por quê?’ Eu sonho com as coisas que nunca foram e pergunto: ‘Por que não?’" — George Bernard Shaw
Kubitschek ousou perguntar "por que não?"... E Castanheira hoje responde com gratidão