Esse 23 de abril assinala os quatro anos do falecimento deste jovem pecuarista. Deixou marcas na comunidade.
"A morte deixa uma saudade que nenhum tempo apaga, um vazio que nenhum amor preenche. E, no entanto, é na ausência que aprendemos a valorizar a eternidade das marcas deixadas."
O ano de 2021 entrou para a história de Castanheira como um dos mais doloridos. Vinte e sete filhos da terra foram levados pela COVID-19, e entre eles, um nome que ainda hoje ecoa em lembranças e silêncios: Jadiel Rios. Partiu no dia 23 de abril, com apenas 44 anos, três dias após a morte de seu pai, Arrival Gonçalves Rios, de 65. Dois corações que bateram juntos na vida e que, na dor, partiram quase ao mesmo tempo — deixando não apenas luto, mas a imensidão de um legado.
Jadiel era um sonhador com os pés no chão da terra que amava. Visionário do agro, foi um dos pioneiros da pastagem rotacionada irrigada em Castanheira, técnica revolucionária que transformou a Fazenda Ouro Branco em referência. Seus olhos sempre enxergaram além: onde outros viam limites, ele via possibilidades. Acreditava que o futuro da pecuária estava na ciência, no manejo inteligente e na coragem de inovar.
Sua sede por conhecimento era insaciável. Participou de congressos como o Feiteleite e o Megaleite, mergulhou em cursos do SEBRAE, SENAI e CPT, dominando desde contabilidade rural até inseminação artificial. Em 2013, a Revista Innovare destacou sua trajetória, registrando uma frase que definia sua essência: “A tecnologia é uma grande aliada na atividade do campo, tanto na genética como no manejo.” Enquanto muitos hesitavam, ele já aplicava transferência de embriões, mostrando que progresso e tradição podem caminhar juntos.
Mas Jadiel não era feito apenas de conquistas profissionais. Era, acima de tudo, um homem de fé inquebrantável e amor pela família. Membro ativo da Igreja Presbiteriana, seguia os passos do pai, Arrival, que servia como Presbítero. Participava do movimento “Os Gideões”, e sua espiritualidade não se limitava aos templos — transbordava em gestos, em encontros, no jeito simples e sincero de viver.
Quando partiu, as redes sociais se encheram de mensagens. Palavras de amigos, parentes e admiradores que, em coro, confessavam: “Fez falta. Faz falta.” Porque homens como Jadiel não se vão por completo. Eles ficam no cheiro da terra após a chuva, nos pastos verdejantes que ajudaram a criar, nas risadas que ainda ecoam na memória dos que os amaram.
Quatro anos depois, Castanheira ainda sente sua ausência. Mas, como dizia o poeta, “as pessoas que amamos nunca morrem, apenas nos precedem na eternidade”. Jadiel segue vivo — não nas estatísticas da pandemia, mas nos exemplos que deixou, nas sementes que plantou e no vazio que, paradoxalmente, nos lembra o quanto ele foi importante.
Até que o abraço se renove, amigo. A saudade é o preço do amor que não acaba.