Texto revisita um pouco da história deste pioneiro castanheirense, registrada pela Revista Innovare News em 2021
Na edição especial de outubro de 2021, que registra fragmentos da história de Castanheira, a revista Innovare News destacou a trajetória de um de seus pioneiros mais notáveis: Jorge Marcantonio. No texto "O Homem de Muitos Afazeres", a publicação revela a vida e as contribuições desse incansável desbravador, que desempenhou papéis fundamentais no desenvolvimento da região, desde a administração pública até a educação e a infraestrutura.
Sua história se confunde com a própria formação de Castanheira, retratando desafios, conquistas e o legado deixado por quem ajudou a construir uma comunidade do zero. Confira abaixo o texto revisado e aprimorado para uma leitura ainda mais envolvente.
Jorge Marcantonio, hoje com 64 anos e um ativo corretor de imóveis, tem seu nome referenciado em um capítulo importante da história de Castanheira.
Designado administrador do subnúcleo Castanheira, vinculado ao Núcleo Juína do Projeto Aripuanã — parte do programa Polo Amazônia, que visava povoar o noroeste de Mato Grosso, na chamada Amazônia mato-grossense —, Jorge assumiu a função por indicação da CODEMAT. Ele estava na região quando a rodovia BR-174 (Ar 1) chegou, no início da década de 1980.
A posição exigia grandes responsabilidades, desafio que ele aceitou sem hesitar. Foi além de suas obrigações administrativas ao lecionar à noite no antigo Mobral, tornando-se o primeiro alfabetizador de adultos da região. A sala de aula, localizada no prédio da CODEMAT, era um espaço multiuso onde sua esposa, Maria Odete, também ensinava um grupo de 15 alunos e onde eram realizadas as missas dominicais.
“Não tinha quase nada em Castanheira, além da CODEMAT”, recorda Jorge, que pode ser chamado, com justiça, de o primeiro faz-tudo da nova terra. Além de coordenar os trabalhos da empresa e dar aulas, ele foi responsável pela abertura das primeiras ruas e estradas, como as Linhas 1, 2 e 3, e pela construção de escolas rurais até 1984 — dois anos antes do povoado ser elevado à condição de distrito de Juína.
Ao falar da CODEMAT, esse pioneiro — nascido em Rancho Alegre, Paraná, filho de Manuel Marcantonio e Eduviges Saragoca Marcantonio, descendente de italianos e portugueses — não esconde a emoção. Quando a estatal se retirou da região, deixou uma base sólida para o que, em 4 de julho de 1988, se tornaria o município de Castanheira. Jorge decidiu ficar. Nessa época, já havia um novo capítulo em sua vida: o nascimento do filho Rafael Marcantonio, hoje veterinário atuante na região.
Entre outras memórias, ele destaca que os lotes urbanos e rurais sob sua gestão eram vendidos a preços simbólicos e regularizados. Com a saída da CODEMAT, porém, começaram as primeiras invasões.
Dentre tantas recordações, Jorge gosta de ressaltar o contraste entre os primeiros tempos, com poucas casas, e o fluxo crescente de migrantes atraídos por oportunidades como as do setor madeireiro, que já despontava no início dos anos 1980.
“Gosto muito de Castanheira. São mais de 40 anos por aqui; se não gostasse, já teria ido embora”, afirma, orgulhoso ao lembrar que sua família foi a sétima a se estabelecer na região.