Filha de imigrantes italianos residente em Castanheira deixa marcas de uma vida simples e de lutas.
“Era uma vez, o dia em que todo dia era bom”. A clássica canção de Kell Smith tinha na experiência de vida de Lourdes Rejoli Zanco um tom presente, pois mantinha em seu cotidiano práticas que lembram esse tempo.
Lourdes, ou Vózinha ou Dona Lurdinha como muitos conheciam, 82, era filha de imigrantes italianos, estabelecidos em Itápolis, no interior de São Paulo. Em terras brasileiras foi migrante, pois deslocou-se com a família para Guaiporã, Paraná, e no ano 2000 para Juína. Seu tempo de Castanheira é recente, onde se estabeleceu a convite da neta Beatriz Zanco Rosa, no Sitio Pousada do Boiadeiro, no São Sebastião.
É Beatriz, esposa do Valdomiro, popular Mirim, que destaca a figura de uma mulher carinhosa, simples, que amava a vida do campo e guerreira, pois viúva há 40 anos criou os dois filhos com muita determinação. Seus dois irmãos, Claudemir e Márcia, residentes, respectivamente, em Nova Mutum e São Paulo, fazem coro às referências.
Das lembranças que ficam, a maior vem da paisagem rural, que foi paixão de sua vida. “Gostava da vida no campo e neste cenário amava pescar e caçar”, lembram Beatriz e Valdomiro. E por uma dessas coisas do destino, seus últimos momentos, em Nova Mutum, onde fora há mês para ficar um tempo com o filho, morreu pouco depois de uma pescaria no Rio Arinos. Depois de chegar “da barranca do Rio”, nesta quinta-feira, 06, antes de preparar uma sopa, foi tomar uma cervejinha, hábito comum, sendo encontrada sem vida.
Lembram do colo, do carinho, o beijo de proteção, a vida sem preocupação da canção já citada? Pois os netos e bisnetos lembrarão partir de agora, dessas ausências. Para o remédio da saudade, que substitui o beijo, doravante, lembrar de sua história vai fazer bem. E diante de um rio, como o Juruena, que costumava procurar, uma roça bem cuidada ou um jardim, igualmente, no quintal, não vai ter como evitar o aperto de coração.
Mas, tem outra referência do tempo que se inicia sem a sua presença: uma estrelinha no céu. E já que citamos música, os netos e bisnetos já se manifestaram nesta sexta-feira, 07, de despedida. Lembram que “a vozinha virou estrelinhas”. Então, quando bater a saudade, bastará olhar pra cima, “lá está, agora, casinha, mesmo que de longe, tão pequeninha...”.
O sepultamento de Lourdes, a vozinha de tanta gente, acontece às 17 horas, no Cemitério Bom Jesus, despois de um tempo de despedidas físicas na Casa da Saudade. Além dos filhos, já citados, ela deixa os netos Beatriz Zanco Rosa, Eduardo Zanco Rosa, Maria Clara Cardoso Zanco, Isadora Cardoso Zanco e Kauã Zanco e os bisnetos Daniel, Davi, Ayumi, Sayuri. Victor e Elizabeth.