A hidroponia e a saga de uma família do Projeto Casulo

Na saída para Juína, em Mato Grosso, uma pequena propriedade de dois hectares no Projeto Casulo chama a atenção não apenas pela produção inovadora de verduras em hidroponia, mas pela história de perseverança que carrega. A família de Francisco José Batista, sua esposa Maria Aparecida Oliveira e o filho Paulo César Batista tornou-se símbolo de resistência e empreendedorismo, desde sua saída de Bodocó, no Pernambuco, até a fixação em Castanheira, onde já estavam radicados há 32 anos quando a revista Innovare destacou sua trajetória em 2015.

A pobreza no Nordeste levou Francisco e Maria a embarcarem, como muitos migrantes, rumo a São Paulo. Anos depois, encontraram em Mato Grosso não apenas um novo lar, mas a oportunidade de recomeçar. Em Castanheira, dedicaram-se à terra com afinco, inicialmente no cultivo convencional. Mas foi com o filho Paulo que a família deu um salto tecnológico. Após concluir o ensino médio na Escola Maria Quitéria e sem condições de estudar em centros maiores, Paulo voltou-se para a agricultura, explorando as potencialidades da hidroponia — técnica que cultiva plantas sem solo, usando soluções nutritivas balanceadas.

O início não foi fácil. As primeiras mudas de alface morreram, e o desconhecimento da técnica pesou. Porém, com o incentivo de um amigo comerciante após uma assembleia do SICREDI em Juína, e o apoio financeiro do banco local, a família persistiu. Hoje, colhem os frutos: a produção hidropônica, que inclui alface, milho verde, jiló e rúcula, é mais eficiente, ocupa menos espaço e reduz a mão de obra. A animação de Francisco e Paulo era compartilhada por Maria, cuja simpatia e força foram fundamentais para transformar o Projeto Casulo em uma referência local.

Infelizmente, Dona Maria já não está entre nós, ela nos deixou em 14 de junho de 2024, mas seu legado permanece. Ela faz parte da história de Castanheira não apenas pela inovação agrícola, mas pela luta incansável por uma vida digna. A família, que um dia deixou o Nordeste em busca de esperança, continua a luta por expandir sua produção além do mercado local, provando que, com união e determinação, até mesmo as raízes mais humildes podem florescer em novidade verde.

*Inspirado no texto "Novidade Verde", publicado na revista Innovare (ed. 8, dez/2015, p. 50-51), e na trajetória real de superação da família Batista Oliveira.*