Dia triste: Castanheira se despede de "Zé da Cândida"

"Alguns homens passam pela vida como árvores frondosas: suas raízes fortalecem a terra, seus galhos protegem os que estão ao redor, e mesmo quando partem, sua sombra permanece como um abrigo eterno na memória daqueles que amaram."

Hoje, Castanheira se despede de um desses homens — José Luis de Souza, o Seu Zé da Cândida —, um filho da terra mineira que cruzou montanhas e distâncias não apenas em busca de sustento, mas de um legado. Um homem que, com as mãos calejadas pelo trabalho e o coração transbordando de honestidade, construiu não apenas uma fazenda, mas uma história de vida que será contada por gerações.

Nascido no distrito de Santa Tereza do Bonito, em Peçanha (MG), em 06 de janeiro de 1937, Zé da Cândida carregou consigo, desde cedo, a filosofia simples, porém profunda, de que "a economia é a mãe da prosperidade", como lembra sua neta Viviane. E foi com essa convicção que, ainda jovem, enfrentou estradas poeirentas vendendo rapadura e queijo, em balaios, no lombo de cavalos, semeando ali os primeiros frutos do que viria a ser uma vida de conquistas e ensinamentos.

Sua jornada até Castanheira, no final dos anos 80, é um testemunho de coragem. O que começou como uma viagem curta transformou-se em trinta dias e, depois, em um novo capítulo: ele não apenas comprou um sítio, como voltou e trouxe consigo a família, 24 vacas, um cavalo e até um fiel companheiro — o cachorro Sheik. Era o início, em 02 de setembro de 1989, de uma saga que, de um pedacinho de chão, expandiu-se para 700 hectares de trabalho, suor e amor à terra.

Mas Zé da Cândida não era feito apenas de labuta. Seu coração guardava espaço para a fé, rezando o terço diariamente em devoção a Nossa Senhora Aparecida, e para o lazer, nas rodas de baralho entre amigos. Sua vida, porém, ganhava sentido maior na família, composta de 10 filhos,  10 netos e 08 bisnetos. Com sua amada Zezé (Maria José), compartilhou décadas de cumplicidade até sua partida em 2017. Em seus últimos anos, foi acolhido com carinho pelas filhas Ivanilde e Raivilda.

Hoje, enquanto seu corpo é velado na Casa da Saudade, as lembranças de quem o conheceu revelam o impacto de sua trajetória. Ivanilde, uma de suas filhas, destaca seu exemplo no trabalho, enquanto Sonia o define como "um vencedor" e Raivilda lembra seu tino para negócios. Elza, outra filha, guardará saudades de suas histórias, e Wanderley, seu filho, ressalta os ensinamentos que deixou à família. Já os netos Valéria e Renato falam do vazio que sua partida causa e do exemplo que ele representa.

E talvez seja isso que define um homem ilustre: não apenas o que ele construiu, mas o que plantou nos corações de quem ficou. Seu Zé da Cândida partiu, depois de lutar pela vida, até às 20h desta sexta-feira, 26, no Hospital São Lucas, em Juína, mas sua sabedoria, seu trabalho incansável e seu amor pela família permanecem como sementes eternas em cada vida que tocou.

Que a terra lhe seja leve e que, diante do Céu, ele encontre o reencontro com sua querida Zezé. Castanheira guardará para sempre sua memória.

(Seu corpo será sepultado às 16h, no Cemitério Bom Jesus, mas seu legado já está gravado para sempre na história desta terra).